segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Euzinha fui praxada e praxei!! Meco NÃO foi Praxe!

Já muito se falou de praxes, ainda bem não, quando se sabe de episódios de praxes violentas, este tema volta à baila. Existem sempre os prós- praxes, são uma integração, blá, blá; e os que são contra, mais não são que uma humilhação, falta de respeito, blá, blá.

Fui praxada, pela primeira vez, no Ensino Secundário. As aulas já tinham começado, prá ai há duas semanas, mas aquele é que era o dia da praxe. Lá me pintaram toda de batom e enfiaram-me um perfume horroroso. Senti-me integrada?! Nadinha!? Saí de lá o mais depressa possível, apanhei o primeiro comboio para casa!

Quando entrei para a Faculdade, numa Faculdade com uma tradição académica muito reduzida, provavelmente, por ser uma Faculdade associada à esquerda, onde o movimento MATA (Anti tradição Académica) tinha alguma força. No primeiro dia, besuntei a minha cara de base, lá fui preparada para a pintura e para a praxe. Mal cheguei fui logo pintada, com as siglas do curso na testa, foi-me atribuída uma madrinha (que nunca mais a vi!). Fomos para a primeira aula, assistir a uma aula, com um professor falso, confesso que entrei em pânico, a lista de bibliografia era gigante, mais de cinco folhas, e isto era para o primeiro mês. No fim, lá entraram os Veteranos a rir. O resto das aulas não iriam existir, porque era o primeiro dia, dia de praxes. Portanto, o primeiro dia seria passado no pátio/jardim da Faculdade e iríamos passear por Lisboa. Euzinha, que já me bastava as siglas na testa, informei que não podia ir. Era menor de idade. Ainda gritaram aos meus ouvidos, ai e tal tens que ir, é obrigatório, senão vais a tribunal de praxe...blá. Não fui, recusei, disse que quando muito tinham que falar com o meu encarregado de educação para ver se ele autorizava, portanto, nada feito. Uma das Veteranas disse que era melhor eu não ir. Lá foram as minhas colegas atadas por uma corda, para um dia humilhante, com jogos, mas muita falta de respeito, diziam elas, para o ano é que me vou vingar! Euzinha fui até ao bar, encontrei umas Veteranas, que ligavam tanto aquilo como nada, levaram-me a comer ao melhor tasco da zona - aí o Pato Real!- mostraram-me a Faculdade, onde era as fotocópias, os matraquilhos e tudo o que precisava. Elas não eram do meu curso, mas fiquei afilhada das duas, ainda hoje falo com elas. Sempre que precisei de alguma coisa, recorri a elas. No ano seguinte praxei, não de uma forma humilhante, mas da forma de que gostei, levei as minhas afilhadas a conhecer a Faculdade, a almoçar no tasco. 
É, assim, que eu entendo a praxe, integração, não humilhação. Nadinha de excrementos, de gritos, de provas parvas, de posições sexuais, porque, normalmente, as praxes vão sendo exponenciais e aumentando na sua violência e na falta de respeito pelo ser humano.

O que se passou no Meco, não foi uma praxe. Foi um grupo de amigos, que foi de fim de semana, fazer uns jogos, umas provas, para poder, talvez- sublinhe-se o talvez- subir numa hierarquia da Comissão de Praxes. Ali não estava ninguém obrigado, foram porque quiseram. Muitas vezes, estes grupos transformam-se em seitas, tipo de culto - os Maçons enfiam um avental e fazem uma serie de ritos, mesmíssima coisa!
 Foi uma tragédia o que aconteceu, foi! Que o único sobrevivente deveria contar e falar com as famílias, sim, para o bem dele e da família. Está a ser julgado, condenado na praça pública. Mas, ele não é o único culpado, o mau. Todas as pessoas eram adultas, tiveram consciência do que estavam a fazer e poderiam sempre ter dito NÃO! Não quiseram porque se sentiam bem a fazer parte de um grupo - dos populares da Faculdade- mas a escolha de participar foi individual e não se pode condenar uma pessoa porque disse para os outros fazerem e eles fizeram. Eu mando-vos saltar para uma piscina em pleno Janeiro, porque não sei quem saltou, é burrice, falta de personalidade, de arbítrio e talvez algum atrasozinho saltar, então não pensam por si?!?. Fico triste pelas vidas que se perderam, pela tragédia que se passou, pelas famílias, mas também pelo único sobrevivente, porque viverá com um fardo enorme para o resto da sua vida. É bom discutir-se este tema, seria bom legislar-se as praxes, para que não existam situações limites, excrementos na cara, punições físicas, humilhações públicas, mas o Meco Não Foi Praxe, Foi umas Brincadeiras Parvas, Foi uma Tragédia!

9 comentários:

  1. Não minha querida, o Meco não foi uma brincadeira parva: O Meco É Homicidio por negligência.

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    1. Mas, não foi uma mera praxe. Foram umas provas parvas que se descontrolaram, talvez porque não estavam preparados para tais provas e não tinham os conhecimentos para tal. Porque nenhum deles é militar, para ir fazer um fim de semana de campo. Acredito que o sobrevivente seja acusado, porque era quem mandava e porque foi o responsável, mas não foi o único.
      Beijocas

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  2. O que se passou no Meco foi uma humilhação.

    homem sem blogue
    homemsemblogue.blogspot.pt

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  3. Já tinham todos idade para, ao menos tentarem perceber, que o mar naquela zona não é para brincadeiras, e por aqueles dias estava um vendaval dos mais capazes, mas pensariam talvez que ao fazerem aquilo possivelmente lhe traria outro nível de estatuto dentro da Faculdade. Coitados deles que morrerem na flor da idade e coitados, sobretudo dos Pais que irão carregar um desgosto tão grande até ao resto das suas vidas, Quanto ao sobrevivente, apure-se e investigue-se o que tiver de ser feito e por aqui me fico.

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  4. A ser verdade que ele era o único de frente para o mar e que os outros davam um passo atrás sempre que erravam uma pergunta, feita propositadamente para se errar, acredito que ele poderia responder por homicídio por negligência. Mas para tal eram precisas testemunhas. Como não há...

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  5. O que se passou no Meco é um caso de polícia.

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  6. Foi tudo muito estranho e suspeito e acho que nunca saberemos mesmo ao certo o que aconteceu.

    www.prontaevestida.com

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  7. Não sei o que aconteceu no Meco mas acredito que aquilo não é o objectivo de nenhuma praxe, foi só burrice e negligência. Mas infelizmente a praxe é humilhação sim. O que as tuas 'duas madrinhas' fizeram de fixe contigo não foi a praxe boa. Foi uma recepção simpática e integrante dos novos alunos, isso não precisa de rótulos. É só preciso ser-se simpático e querer ajudar. Não precisa de hierarquias nem rituais. :)

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  8. Tudo bem. Há praxes e praxes. Reitores e ministérios confiam no bom-senso dos praxistas e praxados. Deixem-me rir. Uns têm bom-seno, outros não. Claro que o que aconteceu no Meco é um caso de polícia, mas no âmbito das praxes. Todos foram de livre vontade para o Meco "brincar" às praxes. É verdade. Mas queriam morrer? Qual deles foi com fins suicidas? Certamente nenhum. Logo se morreram o MP investiga e esperemos que seja eficiente e imparcial e condene se for de condenar.

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